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Jovem cafeicultora é finalista em concurso internacional de inovação

Com 22 anos, agricultora se destacou pela produção de cafés especiais  na Região das Matas de Minas.

BELO HORIZONTE (16/7/2020) – A jovem Bruna Carolina da Silva, 22 anos, da Comunidade do Baú, em Fervedouro divisa com Miradouro na Região das Matas de Minas, se classificou em segundo lugar no Premio a La Innovación Juvenil Rural de América Latina y el Caribe (Prêmio Juventude Rural Inovadora na América Latina e no Caribe), anunciado no último dia 10. Bruna disputou a final do concurso, na categoria Geração de Renda, pela experiência inovadora e empreendedora com a produção de cafés especiais, batizado de “Café Especial da Bruna”. Um café é considerado especial quando tem um processo de produção diferenciado e atinge pontuação entre 80 e 100 pontos, na tabela de classificação sensorial da Specialty Coffee Association (SCA).

O “Café Especial da Bruna” fez, na prática, jus ao nome. A produção, que teve início no ano passado, foi toda artesanal e contou somente com a mão de obra familiar, composta pela Bruna, a mãe Sônia da Silva, o pai Célio José da Silva e a irmã mais nova, Maria Betânia. Em 2019, o produto obteve a nota de 82,25 pontos, conquistando o vice-campeonato do Concurso Municipal de Qualidade de Café, em Fervedouro.

Além disso, toda a produção do “Café Especial da Bruna” seguiu um modo cuidadoso para agregar valor e qualidade ao produto, como explicou a jovem rural de Fervedouro. “O nosso processo foi desde a colheita seletiva dos grãos maduros, evitando ao máximo os grãos verdes, com peneira 16, deixando somente grão uniforme e sem defeitos. Depois, os grãos foram lavados e esparramados em um terreiro suspenso para secar. Após a secagem, ainda catamos manualmente os cafés verdes que restaram”. Ao final, ainda segundo Bruna Carolina, o café foi torrado, moído e embalado em sacolas com válvula para manter a qualidade e sabor até chegar ao consumidor final.

Das cinco sacas colhidas de 60 quilos cada, a cafeicultura já vendeu quase tudo para compradores de Fervedouro, São José dos Campos e da cidade vizinha Miradouro, restando somente uma saca e meia da safra passada. O preço da saca do café especial foi de R$ 1 mil, mais que o dobro do pago pela saca do café convencional, também produzido na propriedade familiar, e que costuma alcançar em torno de R$ 400,00. A comercialização está sendo feita via redes sociais, como Instagram e Facebook, além do Whatsapp.

O Premio a la Innovacíon Juvenil Rural de América Latina y el Caribe é uma iniciativa do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), da Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo é identificar, recompensar e disseminar iniciativas inovadoras e sustentáveis realizadas por jovens com idade entre 18 e 35 anos, de países da América Latina e do Caribe.

Expectativa

Com o bom resultado no concurso, Bruna está animada e faz planos para o futuro. A expectativa agora é que o desempenho na competição internacional agregue mais valor ao produto e potencialize a comercialização. “O resultado vai nos ajudar a divulgar mais o café nas redes sociais e alcançar outros lugares. Até o final do ano, queremos colher mais cinco sacas e vender nossa produção para cafeterias. Já estamos buscando parcerias. A minha intenção é continuar na roça, gerando mais renda. Dinheiro não é tudo, mas temos de ganhar pra ficar na roça. Temos de sonhar”, argumentou.

O êxito da jovem rural foi comemorado pela Emater-MG, que presta assistência técnica à jovem e sua família. A empresa, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), foi também a responsável por incentivar a cafeicultora, da região produtora de cafés denominada Matas de Minas, a se inscrever para participar da competição virtual.

“Foi tudo on-line. Preenchemos um questionário dos promotores do evento, com as informações da produção, mão de obra e retorno financeiro do empreendimento. A iniciativa dela foi o investimento na produção de cafés especiais”, explicou o extensionista agropecuário, Adenilson Mendes Chaves, do escritório local da Emater-MG, em Fervedouro.

Segundo Mendes, ele fez a inscrição da jovem no prêmio latino por acreditar que seria uma forma de incentivar ainda mais a jovem e tornar o seu produto mais conhecido. “O meu interesse pela participação dela no prêmio foi buscar uma maneira de premiar a força de vontade da jovem. Motivá-la a buscar conhecimento, acreditar na atividade e promover uma mudança no processo produtivo do café cultivado na propriedade”, argumentou. “Se ele não tivesse falado, nem teria feito”, admitiu Bruna Carolina.

Assistência técnica

A propriedade da família Silva tem 17 hectares, sendo quatro hectares destinados à lavoura de café. O restante da terra é dividido em pastagem, forrageiras e área de reserva legal. Além da cafeicultura, a família também se dedica à produção de leite, sendo atendida pela Emater-MG há muito tempo, seja no acesso ao crédito rural ou assistência à lavoura de café, por meio de orientações para análise de solo, adubação e construção dos terreiros suspensos de secagem do café. Também atua na participação em torneios leiteiros e agora na produção de cafés especiais.

Em 2019, ano que marcou a entrada da jovem cafeicultora de Fervedouro no mundo dos café especiais, a empresa pública mineira de extensão rural atendeu 624 agricultores no município, sendo 595 deles só na cafeicultura. A produção de café representa 80% da produção agrícola de Fervedouro, sendo grande geradora de ocupação e renda para o município, segundo dados do escritório local.

Assessoria de Comunicação – Emater-MG

Jornalista responsável: Terezinha Leite

Adaptação Carlos Henrique Cruz