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É vantajoso produzir cafés especiais?

O que significa esta pergunta?

Essa pergunta gera, em uma análise simplificada e direta, dupla dúvida, primeiro na cabeça do produtor rural, pois ele pode optar por produzir um café commodity, que quer dizer padronizado para poder ser comercializado mundo afora, ou entregue nas bolsas de valores em contratos futuros. Um café similar aos demais, sem diferenciação, que se rentabiliza ainda mais quando produzido em escala.

Por outro lado, ele pode se inclinar para a confecção de cafés especiais, complexos, diferenciados, que denotam características diversas que agregam ao seu valor, e a alta qualidade percebida amplia seu consumo pelos amantes, e aos poucos pelos futuros adeptos à onda dos cafés especiais.

Se analisarmos do ponto de vista dos consumidores, também fica a dicotomia entre comprar um café tradicional, misturado ao que quer que seja para baratear seu custo, com torra levada a patamares altíssimos até queimar, mas que fica menos ruim quando adicionado de açúcar. Seu baixo preço conquista a maior massa do mercado brasileiro.

Outrossim, temos a escolha pela qualidade, percepção sensorial mais exigente, um produto benéfico à saúde, muitas vezes certificado, podendo trazer consigo a história de quem produziu, e a rastreabilidade do processo para se compreender mais detalhes sobre todas as etapas que o café passou, desde a lavoura até chegar à xícara do consumidor. Seu valor é justificado pela remuneração aos elos da cadeia que ficaram para trás, e os investimentos e cuidados necessários para se chegar à frase: “Que delícia de café”.  

Segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais (sigla em inglês, BSCA), a produção de café especial em todo o País, teve expansão média de 15% nos últimos anos, para um total de 8,5 milhões de sacas em 2017.

Enquanto o crescimento do café commodity é cerca de 2% ao ano, o segmento dos cafés especiais hoje representa 12% do mercado internacional da bebida. O valor de venda para alguns cafés diferenciados pode chegar a um ágio entre 30% e 40% a mais do que o café cultivado de modo convencional. Em alguns casos, pode ultrapassar 100%, é o caso por exemplo dos cafés negociados em leilões e ganhadores de concursos.

Os principais mercados consumidores dos cafés especiais brasileiros são, em ordem: Japão, Estados Unidos e União Europeia; tendo um crescimento elevado nos últimos anos da Coreia e Austrália. Quanto ao consumo interno, das 20 milhões de sacas previstas pela ABIC – Associação Brasileira das Indústrias de Café, estima-se que um milhão sejam de cafés especiais.

Qual ou quais os valores de se produzir cafés especiais?

Além do que já foi dito, há que se dar a relevância à empatia do produtor de cafés especiais, por querer colocar na mesa do consumidor a melhor qualidade possível. O cuidado com o próximo acaba lhe oportunizando mercados, prêmios e preços também diferenciados.

Do lado social, seja através de alguma certificação, por exemplo Fair Trade, UTZ, Rainforest Alliance, 4C, Best Practices, AAA, Certifica Minas, Orgânico ou outras; ou simplesmente pelo cuidado que é devido, o produtor trabalha com sua mão de obra contratada toda regularizada, treinada, e recebendo de forma justa pelo labor.

Já no ambiental, o respeito ao planeta e às gerações vindouras, pois seja na conservação do solo, práticas sustentáveis, manejo integrado de pragas e doenças, tecnologias, aplicação correta e eficaz dos adubos, produção de água, manutenção das áreas de preservação ambiental, e cuidados com a fauna; a produção agradece, responde, e o equilíbrio para continuidade da produção e da vida é consolidado.

A que conclusão chegamos?

Bom, se fosse possível produzir apenas cafés especiais em todos os lotes da fazenda, que bom seria, mas é muito difícil. Contudo, é sabido que na maioria dos casos, o diferencial entre a produção dos cafés de baixa qualidade e os cafés especiais não está no investimento, mas no conhecimento para se processar o café da forma correta, com atenção às intempéries climáticas, e, principalmente, no cuidado.

Visto que não está no investimento o principal diferencial, mas sim no conhecimento e cuidado, chegamos à conclusão que o mundo está de portas abertas, cheio de oportunidades, para os produtores que decidem se aventurar pelo mundo dos cafés especiais.

Fazendo um breve Check list pra ver se você leitor acha que vale à pena:

– Qualidade, sabor e prazer;

– Valor agregado e rentabilidade;

– Social, ambiental e ético;

– Saúde, qualidade de vida e bem estar;

– Reconhecimento, valorização e oportunidades de mercado e novos conhecimentos.

Pare – Reflita – Observe – Responda! (PROR) – @escolaconquer